quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Foi há 45 anos que Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE

Manifestação de apoio a Humberto Delgado durante a campanha eleitoral

Fez no passado dia 13 de Fevereiro 45 anos que a PIDE eliminou, na localidade fronteiriça espanhola de Vilanueva del Fresno, um dos principais adversários de Salazar e do seu regime, o general Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos. O crime ainda hoje está envolto em algum mistério, nomeadamente no que concerne ao papel de Salazar e do director da PIDE.(Clique)

"Republicano nato", defensor dos valores de "justiça social", liberdade e progresso, Humberto Delgado apoia o golpe de Estado que instaura a ditadura militar mas opõe-se ao Estado Novo consciente de que a "democracia tem muitos defeitos.

Humberto da Silva Delgado nasceu em 1906 em Torres Novas. A sua educação passou pela frequência do Colégio Militar, tendo terminado os seus estudos em 1922.
Participou activamente no movimento militar de 28 de Maio de 1926, que conduziu mais tarde ao Estado Novo. Anos depois rompeu relações com o regime de Salazar, apresentando-se em 1958 como candidato à Presidência da República, tendo como opositor Américo Thomaz.

No entanto o seu percurso político foi controverso e ainda hoje, passados 45 anos, não são pacíficas nem consensuais as análises acerca desta importante figura da oposição ao regime salazarista. A sua candidatura às eleições para a Presidência da República, em 1958, criou inicialmente grandes divisões na oposição e foi alvo de várias desconfianças.
Algum tempo depois, as várias tendências da oposição ao regime chegam a acordo quanto ao apoio a Humberto Delgado, único candidato que poderia derrotar Américo Tomás.
Humberto Delgado era um homem corajoso. Por essa razão avançou praticamente sozinho para aquelas eleições, só conseguindo recolher apoios mais alargados posteriormente.
Após uma campanha eleitoral activa, onde conquistou o apoio popular, acabou por ser derrotado, apesar de tanto ele como a oposição em geral nunca terem aceite os resultados. Depois da fraude eleitoral, apesar de alguns avisos, continuou corajoso, sem medo e isolado dos principais movimentos organizados da oposição portuguesa. O que lhe viria a ser fatal.

O "General Sem Medo", como ficou celebrizado, teve de se exilar (primeiro no Brasil, depois na Argélia), nunca tendo no entanto deixado de dirigir acções contra o regime. Contudo, a sua luta não foi em vão: a opinião pública que o apoiava tornou-se num grave problema para a política de Salazar.

Se há personalidade que não pode ser "apropriada" por nenhum dos partidos políticos existentes hoje em Portugal, essa personalidade é Humberto Delgado.

Talvez por este motivo se explique o quase total esquecimento a que foi vedada esta efeméride por parte dos partidos políticos com assento parlamentar. Talvez estes andem mais ocupados com o "GROUND ZERO" em que se transformou a política portuguesa nos últimos tempos.

Há eventos que pela sua nobreza na vida duma comunidade, jamais podem ser esquecidos...


Presidente da Casa Humberto Delgado critica branqueamento do Estado Novo (Clique)

Casa Memorial Humberto Delgado no Boquilobo (Concelho de Torres Novas) reabriu (Clique)

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